O que é Teologia do Pacto?

A Teologia do Pacto é o Evangelho definido no contexto do plano eterno de Deus de comunhão com o seu povo, e sua realização histórica nos Pactos das Obras e da Graça (assim como nos vários estágios progressivos do Pacto da Graça). A Teologia do Pacto explica o significado da morte de Cristo, à luz da plenitude do ensinamento bíblico sobre os pactos divinos, fortalecendo a nossa compreensão da natureza e do uso dos sacramentos, e fornece a explicação mais ampla possível dos fundamentos da nossa perseverança.

Em outras palavras, a Teologia do Pacto é a forma bíblica para explicar e aprofundar nossa compreensão de: (1) a expiação [o significado da morte de Cristo]; (2) perseverança [a base da nossa confiança de comunhão com Deus e gozo de suas promessas]; (3) os sacramentos [sinais e selos das promessas dos Pactos de Deus - o que são e como funcionam], e (4) a continuidade da história redentiva [o plano unificado de salvação de Deus]. A Teologia do Pacto é também uma hermenêutica, uma abordagem para a compreensão das Escrituras - uma abordagem que tenta explicar biblicamente a unidade da revelação bíblica.

Quando Jesus quis explicar o significado de Sua morte a Seus discípulos, Ele usou a doutrina dos pactos (ver Mateus 26, Marcos 14, Lucas 22, 1 Coríntios 11). Quando Deus quis assegurar Abraão da infalibilidade de Sua promessa, Ele agiu a partir do pacto (Gn. 12, 15 e 17). Quando Deus quis separar Seu povo, impregnar Seu trabalho em suas mentes, revelar-se a Si mesmo, de forma tangível, em amor e misericórdia, e confirmar a sua herança futura, Ele deu os sinais da aliança, ou do pacto (Gênesis 17, Êxodo 12, 17 e 31, Mateus 28, Atos 2, Lucas 22). Quando Lucas quis mostrar aos primeiros cristãos que a vida e o ministério de Jesus era o cumprimento dos antigos propósitos de Deus para o Seu povo escolhido, ele partiu dos pactos e citou a profecia de Zacarias que mostra que os crentes nos dias iniciais "do movimento de Jesus” entenderam Jesus e Seu trabalho messiânico como uma realização (e não um 'Plano B'), do pacto de Deus com Abraão (Lucas 1:72-73). Quando o salmista e o autor de Hebreus querem mostrar como o plano redentivo de Deus é ordenado e em que bases ele se desdobra na história, eles partem dos pactos (veja Salmo 78, 89, Hebreus 6-10).

A Teologia do Pacto não é uma resposta ao dispensacionalismo. Ela já existia muito antes que os rudimentos do dispensacionalismo clássico fossem reunidos no século XIX. A Teologia do Pacto não é uma desculpa para batizar crianças, nem meramente uma convenção para justificar uma abordagem particular dos sacramentos. A Teologia do Pacto não é sectária, mas uma abordagem ecumênica reformada para a compreensão da Bíblia, desenvolvida no despertar da Reforma Magisterial, mas com raízes que remontam os primórdios do Cristianismo universal e historicamente apreciada em todos os diversos ramos da comunidade reformada (Presbiteriana, Congregacional, Batista, Anglicana e Reformada). A Teologia do Pacto não pode ser reduzida apenas a servir como justificativa para alguma visão particular da inclusão das crianças no pacto (sucessionismo do pacto), ou para um certo tipo de escatologia, ou para uma filosofia específica de educação (seja ela a da escolarização em casa, escolas cristãs ou escolas clássicas). A Teologia do Pacto é muito maior do que isso. É mais importante do que isso.

"A doutrina do pacto está na raiz de toda a teologia verdadeira. Tem sido dito que aquele que entende bem a distinção entre o pacto das obras e o pacto da graça, é um mestre de teologia. Estou persuadido de que a maioria dos erros cometidos pelos homens a respeito das doutrinas da Escritura, são baseados em erros fundamentais relativos ao pacto da lei e ao pacto da graça. Que Deus nos conceda hoje o poder de instruir, e a você, a graça de receber instruções sobre este assunto vital”. Quem disse isso? C. H. Spurgeon - o grande pregador batista Inglês! Certamente um homem além de nossas suspeitas de impingir, secretamente, uma visão presbiteriana dos sacramentos às massas de evangélicos desavisados.

A Teologia do Pacto flui da vida e obra trinitária de Deus. A comunhão pactual de Deus conosco é modelada e é um reflexo das relações intra-trinitária. A vida compartilhada, a comunhão das pessoas da Santíssima Trindade, aquilo que os teólogos chamam perichoresis ou circumincessio, é o arquétipo da relação do pacto gracioso que Deus compartilha com Seu povo eleito e redimido. O compromisso de Deus no Pacto eterno da redenção se realiza no espaço e no tempo no Pacto da Graça.


J. Ligon Duncan III, PhD
Pastor Sênior da
Primeira Igreja Presbiteriana de Jackson, Mississipi

Extraido do site: http://www.reformaerazao.com

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